aqui reencontrei

no canhoto reencontrei Amin Maalouf, vale a pena passar por lá

cine

acho que vou ver isto Still Life - Natureza Morta (de Zhang Ke Jia) e isto O Mistério da Estrada de Sintra (de Jorge Paixão da Costa)

lições de abril

Até ver nenhuma revolução, que tenha tido como proposta uma verdadeira transformação social, conduziu as sociedades ao Paraíso. Não obstante as expectativas 'messiânicas' de um mundo novo, as ideiais promessas de uma melhor vida para os até então desfavorecidos, têm demonstrado ser impossibilidades históricas (pelo menos a curto ou a médio prazo). No final das contas podem resultar sentimentos de frustração que colocam em causa o propósito da mudança.

No entanto, o próprio evoluir das sociedades, as quais integram em si elementos contraditórios (abstracta e hegelianamente falando, teses e antíteses que produzem sínteses), admite a inevitabilidade das convulsões ou revoluções sociais, face a um mal estar sentido.

As forças dominantes (ou conservadoras) desfavoráveis à mudança em confronto com as forças progressistas (ou mais liberais) lutam pelo monopólio do poder e influência, baseadas em ideologias divergentes. Por conseguinte, não é fácil aceitar uma revolução na medida em que desencadeia rupturas com o status quo e com os interesses dominantes. Acompanhada por uma atmosfera de exaltação de valores e de esperança, a revolução pode ser violenta e, naturalmente extremada (senão não seria revolução).

Apesar da ocorrência de 4 mortes, a revolução dos cravos foi pacífica, mas não esteve isenta de excessos em nome de uma sociedade mais igualitária ( por exemplo a expropriação de bens junto das familias favorecidas na altura). Contudo, nada comparável aos excessos do Estado Novo...

No pós-revolução seguem-se tempos de 'desfervescência da revolução aberta', movimentos de contra-revolução, resultando em novos e velhos elementos sociais. Se nos reportarmos à revolução de abril, esses tempos seriam talvez o ‘período das escolhas da via a seguir’, no qual a revolução sai das ruas para dar lugar a uma reorganização do Estado e da sociedade portuguesa, numa encruzilhada entre a via do capitalismo e a via do socialismo. O caminho foi a democracia capitalista.

Nas circunstâncias que anteciparam a revolução dos cravos, as forças liberais perspectivavam uma sociedade mais à frente, mais evoluída nos valores sociais, mais integradora e justa para cada individuo independentemente da sua condição social. Uma sociedade que rompiria com 48 anos de ditadura repressiva, que perseguia e 'calava' vozes discordantes, pela policia do Estado Novo - a PIDE .

Gerações de portugueses resistentes, esclarecidos e geniais (a meu ver) contribuiram para o alargamento da consciência social, intervindo ‘em sussurros’ que escapavam à Censura (através por exemplo, da poesia ou música de intervenção ou pela acção política clandestina).

A par de uma consciência política cada vez mais alargada, a acção dos militares foi determinante na condução da revolução de Abril.

De acordo com António Reis, (militar de Abril) 3 razões fundamentais foram o mobil da revolução de 25 de Abril de 1974, conduzida pelos militares, com a importância da ordem apresentada: 1ª fim da guerra colonial; 2ª melhoria das condições socio-económicas da população portuguesa ; 3ª mudança de um regime ditatorial para uma democracia.

Esta última razão, talvez a que mais nos lembra e pela qual se comemora a revolução há 33 anos, era na altura a que menos mobilizaria os militares, tínhamos uma sociedade pouco politizada, na verdade, éramos um povo ignorante. Como tal, a democracia era, portanto, ideia vaga e abstracta.

Ao contrário, a guerra colonial afectava muitas famílias portuguesas, o 'medo e a loucura da guerra', vidas estragadas ou perdidas, era guerra sem sentido contra povos que apenas lutavam pela sua independência.

Por último, a miséria vivida, na altura, nada tem a ver com a pobreza ou as crises de agora. Apesar dos actuais problemas de desemprego e do nível de vida português ser dos mais baixos da Europa, testemunhos relatam que, naquele tempo, a privação era tal que uma sardinha alimentava os vários elementos de uma familia. A tal miséria, também não seria alheia ao facto de nos anos 60 muitos portugueses terem emigrado em condições de clandestinidade, sujeitando-se a trabalhos e modos de vida precários em países desconhecidos.

Onde estão os frutos da revolução?

A nossa sociedade evoluiu muito, desde então, as necessidades mudaram. Exageros à parte, carros e tecnologias topo de gama, ou a ostentação são valores muito altos. E as reclamações do género 'no tempo de salazar é que era bom' convivem bem com o consumismo português além das possibilidades. Os portugueses vivem endividados, recorrem a mil créditos para 'terem' aquele carro, aquela casa, aquele plasma, aquela coisa que tem que se ter, porque senão não são gente.

Fenómeno um pouco contraditório com o sentimento de crise que põe em causa as aquisições sociais que hoje existem porque a revolução e as liberdades conquistadas assim o permitiram.

Hoje temos mais escolarização e informação, melhor saúde apesar de tudo, a possibilidade de conhecer outros mundos, outras realidades, os pais têm mais possibilidades de pôr os filhos a estudar ao invés de os pôr a trabalhar, podendo, inclusive, prolongar esses estudos ou continuar a ajudá-los quando estes supostamente já atingiram a vida adulta.

A ignorância da altura conduzia ao conformismo, ao fechamento. A realidade mais distante para um português comum era a sua aldeola pacata e domesticada pelos valores do Estado Novo ou da Igreja Católica e pelos seus meios de propaganda.

A nossa revolução, a de Abril de 74, trouxe-nos liberdade, democracia, valores inspirados do socialismo, que graças aos quais ainda vamos tendo algumas regalias sociais. Além disso, trouxe-nos, uma coisa demasiado importante para ser apagada da memória, a 'educação para todos'. O atraso educativo de 20 ou 30 anos do nosso país só pode dar graças a um regime que apenas dava oportunidades de formação a elites, permanecendo a generalidade da população analfabeta ou com mínimo de escolarização.

A direcção podia ter sido outra (a do socialismo, porventura estariamos também económicamente afundados como os países da ex-URSS). Hoje integrados num sistema capitalista global, na tentativa que acompanhar o barco da Europa, ainda estamos longe do bem-estar pleno.

Mas a revolução era inevitável. A sociedade portuguesa já continha em si 'elementos-antitese', incapazes de lidar com as condições sociais objectivas daquele tempo, cresciam muitas contrariedades, na forma de sentir, sobretudo, dos militares que íam para o Ultramar, sem que o combate tivesse para eles algum significado, apenas mortes.

Não estamos bem é certo, mas cada um de nós é responsável pelo estado de coisas actual. Os políticos e nós, que os elegemos e temos a inteligência para modificar alguma coisa no nosso dia-a-dia e não o fazemos. Depois a culpa é sempre dos políticos, 'essa cambada', - pode ser, mas antes de apontar os outros e arranjar bodes expiatórios para crise actual, sob frágeis ou nenhums argumentos, sejamos mais exigentes connosco próprios.


(imagem 'cybercravo' in www.factosonline.com)

exmo.sr.ex-presidente da república portuguesa

O nosso anterior Presidente da República (entre 1996 e 2006) foi eleito Alto Comissário das Nações Unidas para o Diálogo das Civilizações.

Quando for grande quero ser como o Jorge Sampaio!


foto: un.org

mil cravos vermelhos

24 de Abril de 1974

22:55
Os Emissores Associados de Lisboa transmitem a 1ª senha 'e depois do adeus' (pelo Paulo de Carvalho) que marcou o ínicio das operações militares contra o antigo regime de Marcelo Caetano.

00:20
O programa 'Limite' da Rádio Renascença transmite 'Grândola Vila Morena' de José Afonso, senha escolhida pelo MFA (Movimento das Forças Armadas) que confirmaria que as operações militares estavam em marcha e que já não havia retorno.

stockmarket2007

Está aí à porta a 9ªedição do STOCKMARKET! É já no próximo fim de semana, na Fundição de Oeiras, de 28 a 29 de Abril.

Para quem anda distraído, trata-se de um evento/feira de escoamento de stocks de moda -roupa & acessórios. Uiii! Artigos e preços de perder a cabeça.

Nesta edição primavera-verão estarão associadas novas lojas, like: Carnaby Tribute, Oficina do Livro, Harlot Shoes, Dunhill, Gola Classics, Laltramoda, Mothercare, 5ª Avenida, Perfumaria Roger Federer, Prémaman, Lacoste, Puma, Papelaria Fernandes, ID Clothes, Haute Fashion, Grão d'Areia, Dom Colletto.

Contará ainda com a participação dos nossos estilistas: José António Tenente, Nuno Baltazar, Lidija Kolovrat, Katty Xiomara e Ricardo Dourado.

A entrada custa 3 euros.

No Porto, o evento realiza-se na EXPONOR a 12 e 13 de Maio.

liberdade

'Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo'
Sophia Mello Breyner

'Não é tudo a liberdade. Mas sem ela nada se alcança'
Antero de Quental, citado por António Reis in 'Conversas em Abril' (fnac)

Continua...

Queen - Under Pressure

Great!

globalização e multiculturalismo

Vai acontecer na Gulbenkian às 18h 30 de 14 de Maio a conferência 'Globalização e Multiculturalismo' pelo especialista nas questões da multiculturalidade, Michel Wieviorka.

tradições portuguesas

No espaço dedicado aos 'contos video', no site do MEMORIAMEDIA, poderás ouvir ou ver testemunhos de contadores do Baixo Alentejo, pescadores da Póvoa do Varzim, contadores das localidades de Sendim e Paradela, (Miranda do Douro) e Macondes Moeda de Moçambique.

Isto é um convite a espreitares por lá, por esses lugares de memória, nossos, mas desconhecidos para muitos e, aí descobres coisas engraçadas ditas pelas nossas gentes.

Destaque para as novas e deliciosas histórias de Miranda do Douro, contadas em português ou mirandês, especialmente, as vermelhinhas...

Passa também pelos contos audio, entrevistas e artes cénicas, have fun!

MEMORIAMEDIA, desenvolvido por José Barbieri, é um projecto de recolha de vídeo e difusão web de momentos de tradição portuguesa, apoiado pelo Instituto de Estudos de Literatura Tradicional, Universidade Nova de Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, Agência de Desenvolvimento do Alentejo e ainda FCT- Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Ornatos Violeta - Capitão Romance

'Não vou procurar quem espero
Se o que eu quero é navegar
Pelo tamanho das ondas
Conto não voltar
Parto rumo à primavera
Que em meu fundo se escondeu
Esqueço tudo do que eu sou capaz
Hoje o mar sou eu
Esperam-me ondas que persistem
Nunca param de bater
Esperam-me homens que desistem
Antes de morrer
Por querer mais do que a vida
Sou a sombra do que eu sou
E ao fim não toquei em nada
Do que em mim tocou

Eu vi
Mas não agarrei

Parto rumo à maravilha
Rumo à dor que houver pra vir
Se eu encontrar uma ilha
Paro pra sentir
E dar sentido à viagem
Pra sentir que eu sou capaz
Se o meu peito diz coragem
Volto a partir em paz

Eu vi
Mas não agarrei'

'A melhor forma de viajar é sentir' Fernando Pessoa

pobreza

Parte senão todo o problema da pobreza é a falta de oportunidades, todos os seres humanos têm potencial, muitas vezes inibido ou constrangido pelos contextos sociais em que vivem. Como sustenta o Nobel da Paz em 2006, o economista Muhammad Yunus 'Os pobres são 'pessoas bonsai' não há nada de errado com as sementes'.

imagem Unicef

a very special place

É pequenina, a minha praia. Naquele dia, como em tantos outros, cheguei disposta a receber a maresia, mar, sol, tranquilidade, prazer que aquele lugar tanto me dá. Naquele dia cheguei e sustive o olhar neste quadro, na mala uma máquina fotográfica talvez capaz de captar aquele momento. O resultado foi este. Poesia. Estamos nas Avencas.

blue manga

in namakakajiri.net

Ok, do you want something simple?

PAZ É PAZ, GUERRA É GUERRA, PÃO É PÃO, ÁGUA É ÁGUA, FOME É FOME, AMOR É AMOR, AMIZADE É AMIZADE, SAUDADE É SAUDADE, ALEGRIA É ALEGRIA, TRISTEZA É TRISTEZA, RIR É RIR, CHORAR É CHORAR, CALMA É CALMA, PRESSA É PRESSA, PAZ É PAZ, GUERRA É GUERRA, PÃO É PÃO, ÁGUA É ÁGUA, FOME É FOME, AMOR É AMOR, AMIZADE É AMIZADE, SAUDADE É SAUDADE, ALEGRIA É ALEGRIA, TRISTEZA É TRISTEZA, RIR É RIR, CHORAR É CHORAR, CALMA É CALMA, PRESSA É PRESSA, PAZ É PAZ, GUERRA É GUERRA, PÃO É PÃO, ÁGUA É ÁGUA, FOME É FOME, AMOR É AMOR, AMIZADE É AMIZADE, SAUDADE É SAUDADE, ALEGRIA É ALEGRIA, TRISTEZA É TRISTEZA, RIR É RIR, CHORAR É CHORAR, CALMA É CALMA, PRESSA É PRESSA, PAZ É PAZ, GUERRA É GUERRA, PÃO É PÃO, ÁGUA É ÁGUA, FOME É FOME, AMOR É AMOR, AMIZADE É AMIZADE, SAUDADE É SAUDADE, ALEGRIA É ALEGRIA, TRISTEZA É TRISTEZA, RIR É RIR, CHORAR É CHORAR, CALMA É CALMA, PRESSA É PRESSA, MEDO É MEDO, CORAGEM É CORAGEM, MORTE É MORTE E VIDA É VIDA.

Imagem 'Pintura (Brut 300 TSF)' 1917 de Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918)

Charlie (1992-2007)

leituras

Uma certa corrente da Psicologia, Psicologia positiva, está mais preocupada com o modo de chegar à felicidade do que solucionar ou atenuar perturbações psicológicas. Li há tempos que o importante na auto-estima não é ter uma boa imagem de si, mas focar naquilo que são as capacidades objectivas e reais, a identificação das suas capacidades de conquistar, realizar. Desidério Murcho leu 'The Happiness Hypothesis: Finding Truth in Ancient Wisdom' de Jonhathan Haidt e a propósito sustenta 'Todos temos (...) intuitivamente uma imagem muito ampliada de nós mesmos - somos os mais espertos da faculdade e dos amigos mais leais. Evidentemente, isto é treta. E, em certos casos, pode ser uma treta que nos faz infelizes porque nos obriga a acrobacias interpretativas para negar a realidade - que há pessoas melhores do que nós. A vaidade faz-nos infelizes e o realismo sobre nós ajuda-nos a viver (...) sem ansiedades.' (in Público, 18 de Março de 2006)

imagem chinese charater for happiness

Importa-se de repetir?

A consciência polaca, concerteza mais alargada que alguns dos seus políticos, deve estar envergonhada. Consta que o Vice-Ministro da Educação da Polónia, Miroslaw Orzechowki não teve vergonha de afirmar a possibilidade de proibir os professores que assumam a sua homosexualidade de darem aulas nas escolas!?!Tento deslindar alguma lógica, e já me estou a esticar, mas não consigo. Porra, o que é que o cu tem a ver com as calças? Umas marteladas encima da cabeça era o que merecia: uma pela audácia de usar a sua posição para dizer babuseiras, outra pela m.. que tem na cabeça, escusado será dizer que teria que levar outra pela escancarada atitude discriminatória, e mais outras e mais outras porque sim.

/Alexandra a. com Público 18/03/2007